segunda-feira, 19 de maio de 2008

Filmes que Fazem Pensar

Afinal,

Há filmes para todos os gostos e sentidos,

E no domingo que pacientemente exerci a função de babá dos meus primos,

Assisti uma porção deles.

Mas um se destacou.

BELEZA AMERICANA







Um filme simples, direto, com pitadas de humor, sarcasmo, erotismo, drogas, sexo e rock and roll (ta, me empolguei, tira o rock and roll).

Em sua sinopse, temos: Lester Burham não aguenta mais o emprego e se sente impotente perante sua vida. Casado com Carolyn e pai da "aborrecente" Jane, o melhor momento de seu dia é quando se masturba no chuveiro. Até que conhece Angela Hayes, amiga de Jane. Encantado com sua beleza e disposto a dar a volta por cima, Lester pede demissão e começa a reconstruir sua vida, com a ajuda de seu vizinho Ricky.

Ah,

Não assistiu ainda?

Lester morre no fim! =x

Quer dizer, no início, afinal, o filme tem narrativa inversa.

Mas vale a pena, embora recheado de deja vus:

estudante atraente que usa a sua imagem e sexo, para triunfar versus jovem mais introvertida e menos popular –

adolescente problemático versus família (des)moralmente religiosa em sua casa arrumadinha e brilhante.

Mas sim,
Voltando ao meu objetivo,
Sou capaz de apostar que aqueles que se prendem não só as imagens passando na tela, mas no sentido e supondo-se no papel dos personagens, analisando-os, acabam por temer a vida monótona do pobre Lester, um zé ruela da vida, por méritos próprios, diga-se de passagem.

Pois o sentimento de melancolia e amargura é imenso, fruto da análise de uma vida que não se permite ensaios, logo, não pode ser revivida. Temos, creio que todos que não só assistimos, mas analisamos o filme, um imenso temor que aquelas breves duas horas sejam um mero reflexo de nossas vidas...

Ah, vão dizer que “todos buscamos nossos desejos e batalhamos por isso” ou vão dizer aquilo ou aquilo outro, mas isso foi o que Lester buscou, em toda sua vida e essência foi isso que ele buscou, a forma, é que foi errada.

Lester, pode no futuro ser um Puzzo, um Forzeone, um Mendes, você ou eu...

Ao se auto analisar, melhor, ao analisar o conjunto (ele x família x emprego), encontra o tédio em sua volta, embora ele tenha atingido as metas que sempre trançou, mas se vê buscando, desastrosamente, retornar a infância, na tentativa de reescrever a história, só se esqueceu de olhar-se no espelho e ver que o tempo, havia passado.

Sobre o mesmo (lester) reina o poder da esposa, Carolyn, à qual ela o buscou pelo fato de deter poder sobre ele, tanto financeira como emotivamente, já que ela administrava as finanças da casa.

Compreende que ela não gostava dele ? Simplesmente o admitia em seu recinto por poder ter um “vibrador potente” quando necessita-se ? E isso fica claro em suas falas, onde expõe o desejo pelo líder no setor dela. Extrai-se:Líder no Setor = Muito Bem Sucedido. Que era o desejo dela, independente do amor, próprio ou a terceiro...


A filha do Lester ?

Sofria sérios problemas de rejeição da sociedade e dela mesmo...

Ê auto estima rasa.

Mas quero destacar é a vida do Lester,

Homem simples, parcos conhecimentos, quase (ou nenhuma) obstinação na vida, pois supõe que já atingiu suas metas, vez que buscava apenas o trivial, casa, comida, mulher e filhos.

Embora sofresse, transparecia segurança à todos, sempre buscando dar impressão de bem estar, de garanhão e don juan, quando há muito encontrava-se assolado na solidão, e nas piores dela, afinal, vivia só dentro de sua própria casa. Ê vida duplamente triste, sofrendo em sua intimidade, mas não se permitindo expor.

A possibilidade de mudança o instigou as mais diversas alterações, de humor, de prazer, de pensamento....

Ah claro, mais uma vez, tudo por causa de uma mulher, afinal, vocês sabem, é a mulher que faz o mundo girar, mesmo que seja só por causa de uma liquidação.

O filme me faz refletir, o quão as vidas podem ser completas, ao olharmos “de fora”, pois transparecem que todas as metas restaram atingidas, e estas são da grande maioria, que são casar, ter uma casa própria, ter filhos, um emprego fixo e uma renda satisfatória, mas ao mesmo tempo vazia de amor próprio, de satisfação e, principalmente, de prazer ...

Percebe-se o drama ? Creio que até receio mesmo,

Busco tudo isso aí narrado, mas temo por recair no vazio ...

Há muito as amizades “na vida adulta” deixaram de ser só amizades,

São sinônimos de status.

Não que na adolescência isso não ocorre-se, mas eram outros tempos, ali, você só era da turma x ou y, mas se relacionava com todos, já adulto...

Casamento ?

Ainda persiste como um sonho de 8 em cada 10 homens/mulheres, sendo que as baixas são que 1 vira homossexual e outro(a) fica pra titia por buscar primeiro satisfazer-se economicamente ao invés de se completar amorosamente.

Mas hoje, damos com a banalização do casamento...

Temos o motivo temporal: Passou seis meses, conferiu a performance, casou! Mais simples impossível.

O da gravidez: Engravido, casou.

O do passatempo: Vamos casar, senão der certo, separa.

O arrumadinho: Vocês casam e depois de uns meses, separam-se (Esse é mais usado para “limpar” a imagem ou a honra dos envolvidos)

O Resto: Passava 2.258 anos com a mesma pessoa, separam-se, aí nos 15 minutos seguintes casa-se com a primeiro pessoa que a beijar.

Enfim, hoje em dia já tem paquera que dura mais que muitos casamentos.

E os objetivos/desejos da infância ?

Toda criança tem o direito à educação, lazer e saúde ... E a sonhar.

São os sonhos que movem as crianças...

São eles que motivam, que dão forças a vencer.

Mas durante a adolescência muitos vão matando a criança interior, seja na busca ensandecida pela auto firmação ou, pior, para transmitir uma idéia de jovem e seguro.... balela... Se você mata a criança em si, mata os bons momentos que só uma brincadeira pode gerar.

E este é a visão que eu tenho de pobre Lester, que tanto sonhou em constituir família, comprar um imóvel, de forma tão simplória, apenas pelo TER e não pelo PRAZER, que ao fim de percebeu isolado, triste e amargurado, solitário e cercado de seus familiares...

Ele se deu conta, que de tudo que sempre sonhou, obteve os fins, mas não aproveitou os meios, as boas risadas da irresponsabilidade, que só um adolescente sabe o que é, não aproveitou as manhãs chuvosas, as tardes frias, nem as noites enluaradas...

Se fechou as metas sem gozar os percalços, as (des)venturas que a idade lhe proporcionava.

Prendeu-se somente a beleza da mulher, esqueceu-se de analisar seu interior... Pobre Lester, não sabia que a beleza acaba e,no fim da vida, o diálogo e o companheirismo é que ditam o relacionamento...

Nisso, é provável que não tenha “perdido” o tempo com as metades erradas da laranja, deve ter se fechado de tal forma aquela mulher, que emanado de desejo a transmutou à sua metade da laranja.

Creio que ninguém quer se pegar aos 40 anos, buscando o que não teve aos 10, 20 ou 30 anos,

Buscamos o gozo e o prazer de todas as fases da vida,

Assim como sofremos as penas da idades, queremos delas usufruir...

Mas,

E aí ?

Como se viver ...

Na forma que profetizou um jovem cantor, como se não houvesse amanhã ?

Planejando, plantando o hoje para colher o amanhã ?

Meio Termo ? PorraLoka ?

Façam suas escolhas,

Mas cuidado com a forma que se chega aos objetivos,

E a sorte, está lançada.

2 comentários:

  1. Desabafo em forma de caracteres, neam.. tsc tsc... longo, mas ótimo.
    Sabe, as pessoas buscam esa felicidade loucamente, quando muuuuuuito provavelmente ela pode ser atingida na estabilidade... dizem (e não sou eu!) que a maior satisfação está no poder (não no grande poder), mas no sentido de controle, mesmo das pequenas coisas, como o poder de escolha entre um requeijão e outro no supermercado...
    =*

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  2. adoro esse filme...adorei o blog, voltarei mais vezes...bjs

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Vai, arroche! Só não fale mal de mãe.